Curitiba apresenta proposta para sediar “Museu da Democracia”

“Curitiba faz a história, não espera acontecer”. Frases como esta marcaram o primeiro comício das “Diretas Já” no Brasil, que ocorreu na capital paranaense em 12 de janeiro de 1984 e se tornou símbolo do movimento pela redemocratização do país. Passados trinta anos, em 2014, a cidade se transformou no epicentro da Operação Lava-Jato, ganhou fama com a denominação “República de Curitiba” e com a prisão ilegal e injusta de Lula. Mais tarde, em 2019, vieram à tona, na imprensa, os interesses inescrupulosos dos líderes da operação por meio dos escândalos da “Vaza Jato”. Nesse período, ao mesmo tempo em que Curitiba se transformava em uma espécie de núcleo da nova extrema-direita do país, chefiado pelos protagonistas da Lava-Jato, também abrigava um marco da resistência democrática no Brasil por meio da Vigília Lula Livre. Dessa forma, em suas contradições, a capital do Paraná pode ser compreendida enquanto um laboratório social para a democracia brasileira.

Face a essa conjuntura, nasceu o projeto “Museu da Democracia”, idealizado pelo Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (iDeclatra) de Curitiba e articulado com demais entidades. A partir de sua primeira iniciativa, o Museu da Lava Jato (MLJ), que reúne acervo com mais de 8 mil fotos da Vigília Lula livre e 30 mil itens que integram o centro de documentação e pesquisa sobre a operação, o iDeclatra organizou, inicialmente, uma proposta de memorial para ressaltar o papel dos movimentos sociais em defesa da democracia. Em dezembro de 2022, ela foi apresentada à Prefeitura de Curitiba e, na ocasião, o prefeito Rafael Greca de Macedo sugeriu contemplar o percurso da democracia no mundo e no Brasil e assim, a proposição foi ampliada para “Museu da Democracia”.

Logo após os ataques terroristas de 8 de janeiro de 2023, o projeto foi exposto à ministra da Cultura, Margareth Menezes, e ao seu secretário-executivo, Márcio Tavares, com o apoio da presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. A ideia foi bem-recebida pela ministra e, desde então, ganha novos apoiadores e se diversifica com proposições de memoriais que abordam o papel de diferentes movimentos sociais na defesa da democracia, tais como mulheres, negros, diversidade, indígenas e ainda de centros de pesquisa sobre lawfare, o “8 de janeiro de 2023”, todos integrados ao “Museu da Democracia”. Com isso, o principal propósito é institucionalizar a memória dos movimentos pró-democracia no Brasil e seus legados no intuito de valorizar o passado e preservar o futuro de nosso sistema democrático. Para tanto, conforme acervos já disponíveis, definiu-se como recorte temporal inicial os anos 1980, período de redemocratização, sendo um dos fatos relevantes o primeiro comício das “Diretas Já” em Curitiba, perpassando por demais marcas históricas até chegar à contemporaneidade.

Acesse o artigo completo publicado no Le Monde Diplomatique Brasil: https://diplomatique.org.br/curitiba-apresenta-proposta-para-sediar-museu-da-democracia/

COMPARTILHE